sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Intercambio - Christiano

Apresentando: Christiano Gonçalves de Araújo

Urubu – Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim
E esse é pra mim o disco mais tocante de Tom, nele – como em nenhum outro – há a junção perfeita do tudo Jobiniano: erudito e popular, romântico e ecológico, denso e extremamente poético. Numa data muito distante em que ficava fuçando os discos de pai enquanto fazia tarefa ou lia revistas em quadrinho, esse e um Caymmi (suas canções praieiras), de forma indelével, marcaram minha alma.
Urubu/Jereba continua voando, cada dia mais é uma descoberta nova, uma nova paz e sensação do que há para melhorar, do que é para crescer – a música no que ela pode trazer de melhor.
È o Tom ecológico com aquele arranjo que coloca junto berimbaus, cantos de pássaros diferentes, aquela letra tão fabulosa e Rosiana, a orquestra; e tudo misturado, compondo a forma perfeita. Aquilo eu via, aquilo era/é/será sempre atávico em mim, como se eu estivesse ali também. Bicho do mato cheio de percepções e sensações.
A densidade da relação amorosa, com aquela voz arrastada, aquele arranjo meio cinza, sensação de peso no ar. Depois o seguir da correnteza, dando recomeço às coisas.
È a volatização da presença física, transporte inefável a outras dimensões existenciais, profundamente líricas em mim. Saudade do Brasil, Valsa do inefável.
Na frente, o Urubu, guardião dos dois mistérios (céu e chão, vida e morte ), vigiando austero as coisas vãs.
Na contracapa, o texto magnífico que, corre aí nos regatos, nas termais, no sussurrar dos bichos, dizem, virou até epígrafe de tese......
Isso tudo e mais o que não sei explicar é “Urubu” para mim.
Obrigado Tom.

Christiano por João Lenjob
O Médico Christiano de Araujo, mais conhecido com Branco, de Nova Era, é um dos mais célebres e históricos amigos que tenho e tive. A nossa amizade é da infancia e juntos já bebemos futebol com peladas, Atlético e Jereba e degustamos muita música boa, inclusive Tom, conforme sua crônica acima e também Chico, Caetano, Milton, Gil, Paulinho, Cartola, Noel e de sobremesa Mangeira, Portela, Viradouro e Vila Isabel. Tinha que dar em samba mesmo. Branco também tira seus momentos para a arte, seja tocando ou escrevendo. Sempre esteve presente em sua alma e ele traduz muito bem a alma da arte. Faz de tudo muito bem e por isso é sempre lembrado por todos que conhecem como a Sensata Inteligencia. Nobre, cordial, em tudo ele explora a fundo com ética, respeito e caráter. Não seria possível que ele ficasse de fora do Intercambio. Felizmente o tenho na minha vida pessoal e profissional.

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